George Florovsky sobre Epifânio e as imagens

Certas obras que foram atribuídas a Epifânio contra a veneração dos ícones merecem particular atenção. (...) É quase certo que elas não pertencem a Epifânio, apesar das conclusões de alguns estudiosos modernos.

Mas não é sem motivo que esses escritos contra a veneração de ícones foram incorretamente atribuídos a Epifânio. Ele não era um apoiador da iconolatria ou do uso de ícones em geral. Em seu Testamento, ele ordena que ícones "não sejam trazidos" para dentro das igrejas ou das câmaras mortuárias. A comemoração devia ser realizada no coração, e não deveria haver necessidade de reforço por imagens visuais. Epifânio não estava sozinho nessa opinião. Era compartilhada com Eusébio de Cesaréia, que também negava a admissibilidade e possibilidade de representação de Cristo, assim rejeitando os aspectos históricos e gráficos da iconografia. Os escritos de Epifânio que podem ser encontrados em suas obras autênticas contém uma rejeição implícita de qualquer forma de representação sagrada. Imagens são sempre antropomórficas e afetam os sentidos, e por essa razão distraem a mente de Deus e a voltam para as criaturas. Epifânio denunciou os gnósticos por seu uso de imagens, o que era ainda mais repreensível por eles pintarem Cristo como concebido no gnosticismo, isto é, como um simples homem (The Eastern Fathers of the Fourth Century, cap. 10).