Eusébio sobre as imagens de Cristo e dos santos

Com efeito, sobre um rochedo elevado, diante das portas da casa, ergue-se uma estátua feminina de bronze. Ela tem os joelhos dobrados, as mãos estendidas para a frente, em atitude suplicante. Diante dela há outra estátua da mesma matéria, representando um homem de pé, revestido de duplo manto, que lhe estende a mão; a seus pés, sobre a coluna, parece brotar uma planta estranha que se eleva até as franjas do manto de bronze; é o antídoto de doenças de toda espécie. Assegurava-se que a estátua é imagem de Jesus; ela subsiste ainda até hoje, de sorte que nós a vimos ao visitarmos a cidade. Não é de admirar que outrora pagãos beneficiados por nosso Salvador, a tenham erguido, quando sabemos terem sido preservados ícones pintados em cores dos apóstolos Pedro e Paulo e do próprio Cristo. É natural, pois os antigos tinham por costume honrá-los deste modo, simplesmente, como salvadores, segundo o uso pagão vigente entre eles (História Eclesiástica, VII, 18).

Estando cheio da sabedoria divina, ele determinou-se a expurgar de toda idolatria a cidade [de Constantinopla] que seria conhecida por seu próprio nome; para que, desde então, nenhuma estátua fosse adorada nos templos daqueles falsamente reputados como deuses, nem qualquer altar fosse manchado por sangue; para que não houvesse sacrifícios consumidos por fogo, nem festivais de demônios, ou qualquer outro tipo de cerimônias observadas pelos supersticiosos.

Ao contrário, pode-se ver as fontes no meio da praça com figuras representando o Bom Pastor - bem conhecido daqueles que estudam as Sagradas Escrituras - e Daniel com os leões, forjadas em latão e resplandecentes com placas de ouro. De fato, tão larga foi o amor divino possuído pela alma do imperador [Constantino] que, no principal cômodo do palácio imperial, ele mandou afixar o símbolo da Paixão do Salvador, feito com uma variedade de pedras preciosas ricamente adornadas com ouro. Nesse símbolo ele quis deixar como que uma proteção do próprio império (Vida de Constantino, 48-49).