Hipólito de Roma sobre a eucaristia

'A sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou as suas sete colunas. Já abateu os seus animais e misturou o seu vinho, e já preparou a sua mesa' [Prov. 9:1-2], o que denota o prometido conhecimento da Santa Trindade; também refere-se ao Seu honrado e imaculado corpo e sangue, os quais são administrados e oferecidos sacrificialmente na mesa espiritual divina, como memorial da primeira e memorável mesa da Ceia espiritual divina. E novamente: 'Já ordenou às suas criadas' [Prov. 9:3], a sabedoria - isto é, Cristo - tem feito isso por um anúncio sublime. 'Quem é simples, volte-se para cá' [Prov. 9:4], diz a sabedoria, aludindo manifestamente aos santos apóstolos, que viajaram o mundo todo, e chamaram as nações ao conhecimento Dele em verdade, com sua pregação sublime e divina. E novamente: 'Aos faltos de senso diz' - isto é, àqueles que ainda não receberam o poder do Espírito Santo - 'Vinde, comei do meu pão, e bebei do vinho que tenho misturado' [Prov. 9:5], o que significar dizer que Ele deu Sua carne divina e seu sangue honrado para nós, para comermos e bebermos para a remissão dos pecados (Fragmentos sobre os Provérbios).

Logo que se tenha tornado bispo, ofereçam-lhe todos o ósculo da paz, saudando-o por se ter tornado digno.

Apresentem-lhe os diáconos a oblação e ele, impondo a mão sobre ela, dando graças com todo presbitério,  diga:

O Senhor esteja convosco.

Respondam todos:

E com o teu espírito.

- Corações para o alto!

- Já os oferecemos ao Senhor.

- Demos graças ao Senhor.

- É digno e justo.

E prossiga, a seguir:

Graças te damos, Deus, pelo teu Filho querido, Jesus Cristo, que nos últimos tempos nos enviaste, Salvador e Redentor, mensageiro da tua vontade, que é o teu Verbo inseparável, por meio do qual fizeste todas as coisas e que, porque foi do teu agrado, enviaste do Céu ao seio de uma Virgem; que, aí encerrado, tomou um corpo e revelou-se teu Filho, nascido do Espírito Santo e da Virgem. Que, cumprindo a tua vontade - e obtendo para ti um povo santo - ergueu as mãos enquanto sofria para salvar do sofrimento os que confiaram em ti. Que, enquanto era entregue à voluntária Paixão para destruir a morte, fazer em pedaços as cadeias do demônio, esmagar os poderes do mal, iluminar os justos, estabelecer a Lei e dar a conhecer a Ressurreição, tomou o pão e deu graças a ti, dizendo: Tomai, comei, isto é o meu Corpo que por vós será destruído; tomou, igualmente, o cálice, dizendo: Este é o meu Sangue, que por vós será derramado. Quando fizerdes isto, fá-lo-eis em minha memória.

Por isso, nós que nos lembramos de sua morte e Ressurreição, oferecendo-te o pão e o cálice, dando-te graças porque nos consideraste dignos de estar diante de ti e de servir-te.

E te pedimos que envies o teu Espírito Santo à Oblação da santa Igreja: reunindo em um só rebanho todos os fiéis que recebemos a Eucaristia na plenitude do Espírito Santo para o fortalecimento da nossa fé na Verdade, concede que te louvemos e te glorifiquemos, pelo teu Filho Jesus Cristo, pelo qual a ti a glória e a honra - ao Pai e ao Filho, com o Espírito Santo na tua santa Igreja, agora e pelos séculos dos séculos. Amém.

(...)

Os diáconos ofereçam então a oblação ao bispo; dê este graças sobre o pão, para representação do Corpo de Cristo, e sobre o cálice de vinho preparado, para imagem do Sangue que foi derramado por amor de todos os que creem nele (...).

Partindo o pão, diga, distribuindo os pedaços:

O Pão Celestial em Jesus Cristo.

(...)

Esforcem-se todos para que o infiel não prove a Eucaristia, nem que o faça um rato ou outro animal, e para que dela não caia qualquer parcela, e se perca: ela é o Corpo de Cristo, que deve ser comido pelos crentes e que não deve ser negligenciado.

Consagrando o cálice em nome de Deus, recebeste como que a representação do Sangue de Cristo; não queiras derramá-lo: que o espírito hostil, como se o desprezasses, não venha lambê-lo. Serias culpado para com o Sangue - como quem despreza o preço pelo qual foi comprado (Tradição Apostólica).