Hipólito de Roma sobre a geração do Verbo

Deus, subsistindo sozinho, e não tendo nada contemporâneo a Si mesmo, determinou criar o mundo. E concebendo o mundo em mente, e desejando e proferindo a palavra, Ele o fez [o mundo]. E imediatamente apareceu, formado como Lhe aprouve. Para nós, então, é suficiente simplesmente saber que não havia nada contemporâneo com Deus. Ao lado Dele não havia nada; mas Ele, enquanto existindo sozinho, ainda existia em pluralidade. Pois Ele não era sem razão, nem sabedoria, nem poder, nem conselho, e todas as coisas estavam Nele, e Ele era o Tudo. Quando Ele quis, e como Ele quis, Ele manifestou Sua Palavra nos tempos determinados por Ele, e por ela [a Palavra ou Verbo] Ele fez todas as coisas. Quando Ele quer, Ele faz; e quando Ele pensa, Ele executa; e quando Ele fala, Ele manifesta; quando Ele molda, Ele planeja em sabedoria. Pois todas as coisas que são feitas Ele forma pela razão e sabedoria — criando-as na razão, e arranjando-as em sabedoria. Ele as fez, então, como Ele quis, pois Ele era Deus. E como o Autor, e companheiro Conselheiro, e Criador das coisas que estão em formação, Ele gerou a Palavra; e como Ele carrega esta Palavra em Si mesmo, e que, também, como (ainda) invisível ao mundo que é criado, Ele a torna visível; e proferindo a voz primeiro, e gerando-A como Luz da Luz, Ele a expôs ao mundo como seu Senhor, e Sua própria mente; e enquanto Ele era visível anteriormente somente para Si mesmo, e invisível ao mundo que é feito, Ele a torna visível para que o mundo pudesse vê-Lo em Sua manifestação, e ser capaz de ser salvo. E assim apareceu outro além de Si mesmo. Mas quando digo outro, não quero dizer que há dois Deuses, mas que é apenas como luz de luz, ou como água de uma fonte, ou como um raio do sol. Pois há apenas um poder, que é do Todo; e o Pai é o Todo, de quem vem este Poder, a Palavra. E esta é a mente que veio ao mundo, e foi manifestada como o Filho de Deus (Contra a heresia de Noeto, 10-11).