Tertuliano sobre a Trindade

Nós, no entanto, como sempre fizemos (e mais especialmente porque fomos mais bem instruídos pelo Paráclito, que conduz os homens de fato a toda verdade), acreditamos que há um único Deus, mas sob a seguinte dispensação, ou οἰκονομία [economia], como é chamada, que este único Deus também tem um Filho, Sua Palavra, que procedeu de si mesmo, por quem todas as coisas foram feitas, e sem o qual nada foi feito. Cremos que ele foi enviado pelo Pai à Virgem, e que dela nasceu, sendo homem e Deus, Filho do Homem e Filho de Deus, e que foi chamado pelo nome de Jesus Cristo; cremos que Ele sofreu, morreu e foi sepultado, de acordo com as Escrituras, e, depois de ter sido ressuscitado pelo Pai e levado de volta ao céu, está sentado à direita do Pai, e que Ele virá julgar os vivos e os mortos; que também enviou do céu a partir do Pai, segundo a sua própria promessa, o Espírito Santo, o Paráclito, o santificador da fé daqueles que crêem no Pai, e no Filho, e no Espírito Santo. Que esta regra de fé chegou até nós desde o início do evangelho, mesmo antes de qualquer um dos hereges mais antigos, muito mais antes de Práxeas, um pretendente de ontem, será evidente tanto pelo atraso da data que marca todas as heresias, quanto também do personagem absolutamente novo de nosso novato Praxeas.

(...)

[Essa heresia] supõe possuir a pura verdade, ao pensar que não se pode acreditar em um Único Deus de outra maneira senão dizendo que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são a mesma Pessoa. Como se assim também um não fosse tudo, pois todos são de um, por unidade (isto é) de substância; enquanto ainda está guardado o mistério da dispensação, que distribui a Unidade em uma Trindade, colocando em sua ordem as três Pessoas - o Pai, o Filho e o Espírito Santo: três, porém, não em condição, mas em grau; não em substância, mas em forma; não no poder, mas no aspecto; mas de uma substância, e de uma condição, e de um poder, visto que Ele é um Deus, de quem esses graus e formas e aspectos são contados, sob o nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (Contra Práxeas, 2).