Gregory Dix: Papa Celestino e as vestes litúrgicas

Mesmo o uso do pálio não era muito antigo na Igreja Romana, datando talvez do final do século V. Antes dessa época, toda a ideia de tal marca de distinção era inteiramente contrária à tradição romana local. O papa Celestino I no ano 425 chegou a repreender os bispos do sul da França, entre os quais já era costume o uso do pálio e do cinto na eucaristia, com vigor que parece desnecessário: 'É de causar admiração que os costumes da Igreja sejam violados por aqueles que não amadureceram na Igreja, mas entrando de alguma outra maneira, introduziram nela coisas que costumavam usar em outra vida [ou seja, a magistratura, da qual tantos bispos eram então recrutados]... Talvez os homens que moram em partes distantes do resto do mundo usem essa vestimenta seguindo o costume local e não a razão. De onde veio esse costume nas igrejas da Gália, tão contrário à antiguidade? Nós, bispos, devemos ser distinguidos do povo e dos outros por nosso aprendizado não por nossas roupas, por nossa vida não por nossas vestes, pela pureza de coração não pela elegância' [Ep. IV]. Diante do argumento de que isso é apenas um cumprimento literal da liminar evangélica para ter 'os lombos cingidos', etc., ele responde secamente que eles precisarão ficar no altar com uma lâmpada acesa em uma mão e um cajado na outra para cumprir o que se segue, e ordena que acabem com tais 'superstições inúteis' (The Shape of the Liturgy, XII)