Concílio de Gangra sobre ascetismo, celibato e casamento

Cânon 1

Se alguém condenar o casamento, ou abominar e condenar uma mulher que é crente e devota, e que dorme com seu próprio marido, como se ela não pudesse entrar no Reino [dos céus], que seja anátema.

Cânon 4

Se alguém manter, em relação a um presbítero casado, que não é lícito participar da oblação [eucarística] oferecida por ele, que seja anátema.

Cânon 10

Se qualquer um daqueles que estão vivendo uma vida virgem pelo Senhor tratar arrogantemente o casado, que seja anátema.

Cânon 14

Se qualquer mulher abandonar seu marido, e resolver se afastar dele porque ela abomina o casamento, que seja anátema.

Cânon 15

Se alguém abandonar seus próprios filhos e não os alimentar ou, tanto quanto for possível, educá-los para a piedade, mas negligenciá-los, sob pretexto de ascetismo, que seja anátema.

Cânon 18

Se alguém, sob pretexto de ascetismo, jejuar no domingo, que seja anátema.

Epílogo.
 
Essas coisas escrevemos, não para cortar aqueles que desejam levar uma vida ascética na Igreja de Deus, de acordo com as Escrituras; mas [para censurar] aqueles que carregam a pretensão do ascetismo à soberba; exaltando-se acima daqueles que vivem de forma mais simples, e introduzindo novidades contrárias às Escrituras e aos Cânones eclesiásticos. Nós, com certeza, admiramos a virgindade acompanhada de humildade; e temos em conta a continência, acompanhada de santidade e seriedade; e elogiamos a saída de ocupações mundanas, [quando é feita] com humildade; [mas, ao mesmo tempo] honramos a santa companhia do casamento, e não condenamos a riqueza desfrutada com retidão e beneficência; e elogiamos a simplicidade e a frugalidade no vestuário, [que é usado] apenas em atenção ao corpo, e que não é muito exigente; mas o dissoluto e afeminado excesso no vestido nós evitamos; e reverenciamos as casas de Deus e abraçamos as assembleias nelas realizadas como santas e prestativas, não confinando a religião dentro das casas, mas reverenciando todos os lugares construídos em nome de Deus; e aprovamos a reunião na própria Igreja para o benefício comum; abençoamos a caridade excedente aos pobres feitas pelos irmãos, de acordo com as tradições da Igreja; e, resumindo em uma palavra, desejamos que todas as coisas que foram entregues pelas Escrituras Sagradas e pelas tradições apostólicas possam ser observadas na Igreja.