Gregório de Nissa sobre a dimensão cósmica da Cruz

Com efeito, é próprio da divindade penetrar todas as coisas e estender-se em todas as partes da natureza dos seres vivos; porque nada poderia subsistir no ser se não permanece naquele que é; e, de outro lado, a natureza divina existe no sentido próprio e primeiro, e a subsistência dos seres exige categoricamente que se acredite em sua presença em todos os seres. Tudo isso o aprendemos por meio da cruz, cuja figura se distribui em quatro partes, de sorte que, partindo do centro, para o qual tudo converge, se contam quatro prolongamentos; aprendemos o seguinte: aquele que sobre ela foi estendido no momento oportuno segundo o plano de salvação através da morte é o mesmo que estreita e ajunta a si mesmo o universo reunindo mediante a sua pessoa as diversas naturezas dos seres em uma só sinfonia e uma só harmonia.

(...) Portanto, uma vez que toda a criação é orientada para Ele e está ao redor d’Ele, e por meio d’Ele mantém sua coesão, pois graças a Ele as coisas do alto estão estreitamente unidas àquelas de baixo e as dos lados entre si, não somente deveremos ser induzidos ao conhecimento de Deus mediante o ouvir, mas também a vista deveria ensinar-nos as concepções mais elevadas. Daqui é donde parte o grande Paulo quando inicia aos mistérios o povo de Éfeso, infundindo naqueles fiéis com o seu ensino a capacidade de conhecer qual é a largura, o comprimento, a altura, a profundidade (Grande Catequese, XXXII, 6-8).