Teodoro de Mopsuéstia sobre a Ceia do Senhor

De fato, Ele nos deu o pão e o cálice porque é pela comida e pela bebida que nos mantemos neste mundo, e Ele chamou o pão de "corpo" e o cálice de "sangue" porque - como foi Sua paixão que afetou seu corpo atormentado e do qual fluiu sangue - Ele queria revelar, por meio desses dois objetos pelos quais Sua paixão foi realizada, e também nos símbolos da comida e da bebida, a vida imortal; é nela que esperamos participar quando realizamos esse sacramento do qual cremos retirar grande esperança de futuros benefícios. É com justiça, portanto, que Ele não diz: "Isto é o símbolo do meu corpo", mas: "Isto é o meu corpo"; do mesmo modo, quando deu o cálice, não disse: "Isto é o símbolo do meu sangue", mas: "Isto é o meu sangue". Porque Ele queria que nós olhássemos para esses elementos depois de sua recepção da graça e da vinda do Espírito, não de acordo com sua natureza, mas que os recebamos como se fossem o corpo e o sangue de nosso Senhor. De fato, mesmo o corpo de nosso Senhor não possui imortalidade e poder de conceder imortalidade em sua própria natureza, mas isso foi dado pelo Espírito Santo. (...) Se, portanto, a natureza do Espírito vivificante tornou o corpo de nosso Senhor em algo que, por sua natureza, ele não possuía, nós também devemos receber a graça do Espírito Santo através dos símbolos do Sacramento, não os considerando meramente como pão e cálice, mas como corpo e sangue de Cristo, no qual eles são transformados pela descida do Espírito Santo. (...) Não devemos duvidar que receberemos a imortalidade por comer o pão sacramental. De fato, apesar do pão não possuir tal natureza, ainda assim, quando recebe o Espírito Santo e Sua graça, é habilitado a conceder àqueles que o comem a felicidade da imortalidade. (...) Ele não faz isso por sua própria natureza, mas pelo Espírito Santo que o habita, do mesmo modo que o corpo de Cristo (do qual ele é o símbolo) recebeu a imortalidade pelo poder do Espírito e a concedeu aos outros (Comentário sobre a oração do Senhor, o batismo e a Ceia, cap. 3)