Então ele [Pelágio] enumera aqueles que não apenas viveram sem pecado, mas são descritos como tendo levado vidas santas: "Abel, Enoque, Melquisedeque, Abraão, Isaac, Jacó"... e acrescenta o nome de algumas mulheres: "Débora, Ana, mãe de Samuel, Judite, Ester, ... e também a mãe de nosso Senhor e Salvador, pois a respeito dela", ele diz, "devemos admitir que sua piedade não continha pecado". Devemos excetuar a santa Virgem Maria - pois a seu respeito não desejo levantar nenhuma questão relacionada ao assunto dos pecados, por honra ao Senhor -, pois Dele sabemos qual abundância de graça para vencer o pecado em todo particular foi conferida sobre aquela que teve o mérito de conceber e gerar Aquele que indubitavelmente não tinha pecado. Pois então, se, com essa exceção da Virgem, pudéssemos reunir todos os mencionados santos homens e mulheres, e perguntar-lhes se viveram sem pecado enquanto estavam nesta vida, qual seria a resposta? Seria na linguagem do nosso autor [Pelágio], ou nas palavras do Apóstolo João? (...) Mas talvez [alguém diga] essa resposta fosse motivada mais pela humildade do que pela verdade! Bem, nosso autor já estabeleceu, e corretamente, que não se deve colocar o louvor da humildade ao lado da falsidade. Se, portanto, eles falam a verdade ao dar essa resposta, é porque pecaram; e se humildemente admitem isso, a verdade está neles; mas se mentem na resposta, ainda assim pecaram, pois a verdade não estaria neles (A natureza e a graça, 42).