No entanto, não construímos templos, ou ordenamos sacerdotes, ritos e sacrifícios para os mártires. Pois eles não são nossos deuses, mas o Deus deles é nosso Deus. Certamente honramos seus relicários, como memoriais de homens santos de Deus que esforçaram-se pela verdade mesmo até a morte de seus corpos; para que a verdadeira religião seja conhecida, e as falsas e fictícias expostas. Pois, se havia alguém antes deles que pensavam que essas religiões eram falsas e fictícias, estava com medo de dar expressão às suas convicções. Mas quem já ouviu alguma vez um sacerdote dos fiéis, diante de um altar construído para a honra e adoração de Deus sobre o corpo santo de algum mártir, dizer nas orações: Eu te ofereço um sacrifício, ó Pedro, ou ó Paulo, ou ó Cipriano? pois é a Deus que sacrifícios são oferecidos em seus túmulos - o Deus que os fez homens e mártires, e os associou aos santos anjos em honra celestial; e a razão pela qual pagamos essa honra à sua memória é que, fazendo assim, podemos tanto dar graças a Deus por suas vitórias quanto relembrar novamente para imitá-los, buscando obter coroas semelhantes (chamando pelo auxílio do mesmo Deus que eles chamaram). Portanto, qualquer honra que os fiéis ofereçam nos lugares dos mártires, são honras rendidas à sua memória, não ritos sagrados ou sacrifícios oferecidos a homens mortos como a deuses. E mesmo aqueles que trazem comida - uma prática que não é realizada pelos melhores cristãos, e em muitos lugares nem existe -, o fazem para que a comida seja santificada para eles pelos méritos dos mártires, no nome do Senhor dos mártires, primeiro apresentando a comida e oferecendo orações, e depois tomando-a para comer ou oferecendo-a aos necessitados. Mas aquele que conhece o único sacrifício dos cristãos, que é o sacrifício oferecido nesses lugares, também sabe que não são sacrifícios oferecidos aos mártires. (...) Não ordenamos sacerdotes e oferecemos sacrifícios aos nossos mártires, como eles [os pagãos] fazem aos seus mortos, pois isso seria incoerente, indevido e ilícito, sendo algo devido somente a Deus (Cidade de Deus, Livro VIII, Cap. 27).
É verdade que os cristãos prestam homenagem religiosa à memória dos mártires, tanto para excitar-nos a imitá-los quanto para obter uma participação em seus méritos e a assistência de suas orações. (...) O que é propriamente adoração divina, que os gregos chamam 'latria', e para o qual não temos uma palavra em latim, tanto na doutrina quanto na prática, prestamos somente a Deus (Contra Fausto, XX).
É verdade que os cristãos prestam homenagem religiosa à memória dos mártires, tanto para excitar-nos a imitá-los quanto para obter uma participação em seus méritos e a assistência de suas orações. (...) O que é propriamente adoração divina, que os gregos chamam 'latria', e para o qual não temos uma palavra em latim, tanto na doutrina quanto na prática, prestamos somente a Deus (Contra Fausto, XX).