Crisóstomo sobre os propósitos do casamento

O casamento não foi instituído para devassidão ou fornicação, mas para a castidade. Ouçam o que diz Paulo: "por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido" (1 Coríntios 7:2). Esses são os dois propósitos pelos quais o casamento foi instituído: para nos tornar castos e para nos tornar pais. Desses dois, a razão da castidade tem precedência. Quando começa o desejo, então começa o casamento também. Ele impõe um limite ao desejo ensinando-nos a nos manter em uma esposa. O casamento nem sempre leva à geração de filhos, apesar da palavra de Deus que diz: "Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra" (Gênesis 1:28). Temos como testemunhas todos aqueles que, sendo casados, não tinham filhos. Portanto, o propósito da castidade tem precedência, especialmente agora, quando o mundo todo já está cheio com nossa espécie. No começo, a procriação de crianças era desejável, de modo que cada pessoa deixasse um memorial de sua vida. Já que não havia ainda esperança de ressurreição, mas a morte reinava, e aqueles que morriam pensavam que pereceriam após esta vida, Deus forneceu o conforto das crianças, para que deixassem imagens vivas dos que partiam e preservassem nossa espécie. Para aqueles que estavam próximos de morrer e para seus parentes, a maior consolação estava na descendência.

(...) Se, por certo período, você e sua esposa ficarem em abstinência por comum acordo, talvez para um tempo de oração e jejum, voltem depois para o bem do seu casamento. Vocês não precisam da procriação como desculpa. Ela não é a razão principal para o casamento. Nem é necessário deixar a possibilidade de conceber, e assim ter um número grande de filhos, algo que talvez vocês não desejem (Sermão sobre o casamento).