O pão que Deus o Verbo revelou ser o seu próprio corpo é o Verbo do sustentador das almas. O que estava sobre a mesa era o verbo procedente de Deus o Verbo, o pão do pão celestial, como está escrito: 'Preparaste-me uma mesa na presença dos meus inimigos'. E o vinho que Deus o Verbo revelou ser o seu sangue é a Palavra enchendo e inebriando maravilhosamente os corações de todos os que a bebem. É a Palavra contida naquele cálice sobre o qual está escrito: 'Meu cálice transborda'. Este vinho é o fruto da videira verdadeira que disse: 'Eu sou a videira verdadeira'. É o vinho de uvas processado no lagar da sua Paixão. Da mesma forma, o pão é a Palavra de Cristo moída daquele grão de trigo que 'cai na terra' e 'dá muito fruto'. Não era o pão visível que ele tinha nas mãos que Deus, o Verbo, chamava de seu corpo, mas era o Verbo em cujo sacramento o pão deveria ser partido. Tampouco era a bebida visível que ele identificava como seu sangue, mas era a Palavra em cujo sacramento a libação deveria ser derramada (Comentário de Mateus, 85).
