João Crisóstomo: casamento e celibato

Vejamos mais acima: 'O matrimônio seja honrado por todos, e o leito conjugal, sem mancha'. Por que motivo seja honrado? Porque conserva o fiel na castidade. Aqui também tacitamente alude aos judeus, que consideravam abominável o casamento: Aquele que se levanta da cópula, afirmam, não é puro. Não são abomináveis as ações naturais, ó judeu ingrato e insensível, mas o que provém do livre-arbítrio; pois se o matrimônio é honroso e puro, porque julgas que ele mancha? (Homilia 33 em Hebreus).

Verifica quanta diligência exige da viúva, mais do que das próprias virgens, apesar de reclamar destas grande aplicação e suma virtude. De fato, ao dizer: 'Para que façais o que é mais nobre e possais permanecer junto ao Senhor sem distração' (1Cor 7,35), resumidamente abrange quase todas as virtudes. Vês que não basta à viúva não contrair segundas núpcias, mas precisa de muito mais? Por que, então, pergunto, exorta a não contrair segundas núpcias? Será porque as reprova? De modo algum. É opinião peculiar aos hereges. Deseja, além disso, que ela se entregue às coisas espirituais, e aplique-se à virtude. O casamento não é impuro, mas cheio de preocupações. A locução: 'Para se entregarem' (cf. 1Cor 7,5), não significa: Para se purificarem. De fato, o casamento acarreta muitas ocupações. Se, portanto, não te casas a fim de te entregares ao temor de Deus, mas não te entregas, não adianta prestar serviço aos hóspedes e santos. Se, portanto, não o fizeres, renunciaste ao matrimônio de certo modo condenando-o. Assim também a virgem, que não está verdadeiramente crucificada, parece ter repudiado as núpcias, como abomináveis e impuras (Homilia 14 em 1 Timóteo).