John Meyendorff sobre o número dos sacramentos nos Padres bizantinos

A teologia bizantina ignora a distinção ocidental entre "sacramentos" e "sacramentais" e nunca comprometeu-se formalmente com qualquer limitação estrita do número de sacramentos. No período patrístico, não havia termo técnico para designar os "sacramentos" como uma categoria específica de atos eclesiais: o termo mysterion era usado primariamente no sentido amplo e geral de "mistério da salvação", e apenas secundariamente para designar as ações particulares que comunicavam a salvação. Nesse segundo sentido, era usado concorrentemente com termos como "ritos" ou "santificações". Teodoro Studita no século nove dá uma lista de seis sacramentos: a santa "iluminação" (batismo), a "synaxis" (Eucaristia), o santo crisma, ordenação, tonsura monástica e o serviço de sepultamento. A doutrina dos "sete sacramentos" aparece pela primeira vez - de forma muito característica - na Profissão de Fé requerida do Imperador Paleólogo pelo Papa Clemente IV em 1267. A Profissão havia sido preparada, é claro, por teólogos latinos.

A óbvia origem ocidental dessa numeração estrita dos sacramentos não impediu que fosse usada e amplamente aceita entre cristãos orientais depois do século treze, mesmo entre aqueles que rejeitavam união com Roma. Pareceu que essa aceitação resultou não tanto de influência da teologia latina quanto de uma fascinação peculiar (medieval e bizantina) com números simbólicos: o número sete, em particular, evocou uma associação com os sete dons do Espírito em Isaías 11:2-4. Mas entre autores bizantinos que aceitaram "sete sacramentos", encontramos diferentes listas. O monge Jó (século treze), autor de uma dissertação sobre os sacramentos, inclui a tonsura monástica na lista como tinha feito Teodoro Studita, mas combina como um só sacramento a penitência e a unção dos enfermos. Simeão de Tessalônica (século quinze) também admite o caráter sacramental da tonsura monástica, mas a classifica junto com a penitência, considerando a unção um sacramento separado. Enquanto isso, Josapah, Metropolita de Éfeso, contemporâneo de Simeão, declara: "Acredito que os sacramentos da Igreja não são sete, mas mais", e dá uma lista de dez que inclui a consagração de uma igreja, o serviço funeral e a tonsura monástica (Teologia bizantina).