Orígenes: adoramos o Pai por seu Verbo

Por isso adoramos o Deus único e seu Filho único, Logos e Imagem, por nossas melhores súplicas e pedidos, oferecendo nossas preces ao Deus do universo por meio de seu Filho único. É em primeiro lugar a ele que as oferecemos pedindo-lhe, sendo ele "propiciação pelos nossos pecados", que apresente como Sumo Sacerdote ao Deus supremo nossas preces, nossos sacrifícios e súplicas (1Jo 4,10; 2,2; Hb 2,17 etc.). Essa é a fé que temos em Deus por seu Filho que a fortifica em nós, e Celso não pode mostrar a menor facção a respeito do Filho de Deus. Sim, adoramos o Pai admirando seu Filho, Logos e Sabedoria, Verdade, Justiça e tudo o que aprendemos daquilo que é o Filho de Deus: admiramos então também Aquele que nasceu de tal Pai. Mas isto é bastante.

Em seguida Celso afirma: "Se acaso ensinamos que Jesus não é seu Filho, mas que Deus é o pai de todos e o único a quem se deve adorar verdadeiramente: eles se recusam a aceitar, a menos que associemos a ele aquele que é o chefe do grupo deles. Eles até o chamaram Filho de Deus, não para oferecerem a Deus adoração suprema, mas suprema exaltação a este". Ora, aprendemos o que é o Filho de Deus: "o resplendor de sua glória e a expressão de seu ser"; o eflúvio do poder de Deus, uma emanação puríssima da glória do Onipotente; um reflexo da luz eterna, um espelho nítido da atividade de Deus, e uma imagem de sua bondade (Hb 1,3; Sb 7,25-26); sabemos que Jesus é o Filho de Deus e que Deus é seu Pai. Não há nada de inconveniente nesta doutrina, nada de incompatível com Deus no fato de ele gerar tal Filho único. E ninguém conseguirá demover-nos da convicção de que Jesus é o Filho do Deus supremo não gerado e Pai (Contra Celso, VIII, 13-14).