Atenágoras de Atenas sobre o culto pagão das imagens

Numa palavra, nenhum dos ídolos pode escapar de ser fabricado por homens. Ora, se são deuses, como não existiam desde o princípio? Como são mais recentes que aqueles que os fabricaram? Que necessidade tinham, para nascer, dos homens e da arte? Tudo isso, porém, é apenas terra, pedras, matéria e arte supérflua.

Há aqueles que dizem que isso são apenas estátuas, mas é aos deuses que elas se referem, que as procissões que a elas se fazem e os sacrifícios que se lhes oferecem terminam nos deuses e a eles se dirigem, que não existe, enfim, outro meio de aproximar-se dos deuses sem este: "os deuses são difíceis de aparecer claramente". E que isso seja assim, apresentam como prova as atividades de alguns ídolos. Se vos agrada, examinemos o poder que existe em seus nomes. Antes de iniciar o meu discurso, eu vos rogo, ó máximos imperadores, que me perdoeis se apresento apenas raciocínios verdadeiros. O meu propósito não é refutar os ídolos, e sim desfazer as calúnias contra nós e oferecer-vos a razão de nossa religião. Ora, vós, por vós mesmos, poderíeis examinar o império celeste. Com efeito, como a vós, pai e filho, vos foi posto tudo na mão ao receber o império de cima: "Porque a alma do rei está nas mãos de Deus", diz o Espírito profético, do mesmo modo está submetido a um só Deus e ao Verbo que dele procede seu filho concebido como seu inseparável. Antes de tudo, eu vos peço, portanto, que considereis este ponto. Os deuses não existiram, conforme dizem, desde um princípio, mas cada um deles nasceu do mesmo modo que nascemos. Nisso todos concordam, pois Homero diz: "Ao Oceano, origem dos deuses, e à mãe Tétis" (Petição em favor dos cristãos, 17-18).