Crisóstomo sobre as orações pelos mortos

Não são pensamentos vãos, nem é inútil lembrarmo-nos nos divinos mistérios dos defuntos; aproximemo-nos em sufrágio deles, rogando ao Cordeiro ali presente, que tira o pecado do mundo. Que daí retirem algum alívio. Não é inutilmente que aquele que está presente junto do altar, ao se realizarem os venerandos mistérios, clama: Por todos os que adormeceram em Cristo e aqueles que celebram a memória. Se não se fizessem comemorações deles, não seriam proferidas tais palavras. Nossas celebrações não são peças teatrais. De forma alguma! Realizam-se segundo a disposição do Espírito Santo.

Socorramo-los e façamos comemoração deles. Se no caso de Jó, o sacrifício do pai era expiação pelos filhos, por que duvidas que nossas oferendas por aqueles que morreram lhes proporcione algum alívio? Deus costuma dar a graça a uns em favor de outros. E Paulo o demonstrava, dizendo: “Assim a graça que obteremos pela intercessão de muitas pessoas suscitará a ação de graças de muitos em nosso favor” (2Cor 1,11). Não nos envergonhemos de auxiliar os defuntos e de oferecer preces por eles; acha-se diante de nós a comum expiação de todo o orbe. Por isso confiadamente rogamos então por toda a terra e fazemos menção de seus nomes com os mártires, os confessores, os sacerdotes. Efetivamente somos todos um só corpo, embora existam uns membros mais esplêndidos que outros; e pode acontecer que consigamos indulgência para eles de todas as partes, pelas preces, pelas oferendas em seu favor, por meio daqueles que com eles nomeamos (Homilias sobre 1 Coríntios, 41).