Clemente de Roma sobre a justificação

Percorramos todas as gerações e aprendamos que, de geração em geração, o Senhor deu possibilidade de arrependimento a todos aqueles que queriam converter-se a ele. Noé pregou o arrependimento, e os que o escutaram foram salvos. Jonas anunciou a catástrofe aos ninivitas, e estes se arrependeram de seus pecados; propiciaram a Deus com suas súplicas e obtiveram a salvação, embora fossem estrangeiros em relação a Deus (Epístola aos Coríntios, 7).

Unamo-nos, portanto, aos que receberam a graça de Deus; revistamo-nos da concórdia, conservando-nos humildes, castos, longe dos murmuradores e dos maledicentes, justificados com obras e não palavras.

(...) Portanto, todos foram glorificados e engrandecidos, não por eles mesmos, nem por suas obras, nem pela justiça dos atos que praticaram, e sim por vontade dele. Por conseguinte, nós que por sua vontade fomos chamados em Jesus Cristo, não somos justificados por nós mesmos, nem pela nossa sabedoria, piedade ou inteligência, nem pelas obras que realizamos com pureza de coração, e sim pela fé, é por ela que Deus Todo-poderoso justificou todos os homens desde as origens. A ele seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém. (Epístola aos Coríntios, 30 e 32).

Somos felizes, caríssimos, se praticamos os mandamentos de Deus na concórdia e no amor, a fim de que, pelo amor, nossos pecados sejam perdoados. Pois está escrito: "Felizes aqueles cujas iniquidades foram perdoadas e cujos pecados foram cobertos. Feliz o homem, do qual o Senhor não considera o pecado e em cuja boca não existe engano" [Sl 31,1-2]. Essa bem-aventurança é para os que Deus escolheu por meio de Jesus Cristo nosso Senhor. A ele, a glória pelos séculos dos séculos. Amém (Epístola aos Coríntios, 50).