Atanásio sobre a morte de Cristo

E assim, tomando de nossos corpos um de natureza igual, porque todos estávamos sob a pena da corrupção da morte, Ele o deu para a morte em lugar de todos, oferecendo-o ao Pai (...).

Porque o Verbo, percebendo que de nenhuma outra maneira poderia a corrupção dos homens ser desfeita senão pela morte como condição necessária, enquanto era impossível para o Verbo sofrer a morte, sendo imortal, e o Filho do Pai; para esse fim Ele tomou para Si um corpo capaz de morte, para que este, pela participação do Verbo que é acima de tudo, fosse digno de morrer em lugar de todos, e pudesse, por causa do Verbo que veio a habitar nele, permanecer incorruptível, e desse modo a corrupção ficasse afastada de todos pela Graça da Ressurreição. Assim, oferecendo até a morte o corpo que Ele tinha tomado, como oferecimento e sacrifício livre de todo defeito, imediatamente Ele guardou da morte Seus pares pelo oferecimento de um equivalente. Pois, estando acima de todos, o Verbo de Deus naturalmente oferecendo Seu próprio templo e instrumento corporal para a vida de todos satisfez a dívida por Sua morte. (A encarnação do Verbo, 8 e 9).

"Sobre mim pesa o teu furor" (Salmos 88:7), diz um [salmo]; e o outro acrescenta: "restituí o que não furtei" (Salmos 69:4). Pois Ele não morreu como sendo Ele digno de morte: Ele sofreu por nós, e trouxe em si mesmo a ira que era a pena da nossa transgressão, assim como Isaías diz: "ele tomou sobre si as nossas enfermidades" (53:4). (Carta a Marcelino sobre a interpretação dos Salmos).